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Mulher cega com cão-guia diz ter sido expulsa de carro por motorista de aplicativo: 'Pega transporte público'

Um motorista de aplicativo expulsou uma mulher cega de seu carro por ela estar com um cão-guia. O condutor, que trabalhava para a Uber, disse que não levaria a passageira.

A ação foi gravada. No vídeo, o condutor pede que ela retire o cachorro, e a vítima afirma que vai descer do carro depois que ele cancelar a corrida. “Eu sou Uber de passageiro, de pessoa, eu escolho [se levo ou não]”, afirmou.

A vítima responde: “Mas a pessoa quando tem deficiência e precisa andar com um cachorro como que ela faz?”

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“Mas aí a senhora pega um transporte público”, afirma o motorista.

No entanto, não se trata de um direito de escolha do motorista se recusar a aceitar uma corrida de um passageiro com um cão-guia. Diferentemente de um animal doméstico comum, a lei n° 11.126, de 2005 assegura que uma pessoa com deficiência visual pode ingressar e permanecer em ambientes de uso coletivo acompanhado de cão-guia, em qualquer momento (leia abaixo mais detalhes sobre a legislação).

O caso aconteceu em 15 de abril. A vítima fez uma denúncia na plataforma, e o motorista foi banido. Mas, após o episódio, ele foi até a casa da vítima e pediu que ela retirasse a denúncia e afirmasse à empresa que estava com “problema na cabeça”.

“Ela chamou o Uber, por volta de 17h, e estava saindo de casa. O carro chegou, ela entrou com o cão-guia e aí ele disse que não ia levar o cachorro. Ela explicou que era um cão-guia, explicou todas as questões, que ele ia ficar no assoalho do carro, e o motorista disse que tinha direito de escolha. Minha cliente falou que era a legislação e não adiantou, ele a expulsou do carro”, afirma Helena Rosa, advogada da vítima.

No dia seguinte, o motorista voltou até a casa da vítima dizendo que tinha sido suspenso e pedindo para ela retirar a denúncia.

“Uso aplicativos há muitos anos e, assim, já aconteceu diversas vezes de não quererem transportar o meu cão-guia, de passar direto quando estou com ele, mas nunca aconteceu dessa forma, com esses desdobramentos. O comportamento dele [do motorista] no carro, o fato de ter voltado no dia seguinte, isso nunca tinha acontecido”, contou a vítima, que prefere não ser identificada.

Cão-guia que acompanhava a vítima. — Foto: Arquivo pessoal
Cão-guia que acompanhava a vítima. — Foto: Arquivo pessoal

Depois da intimidação, por medo, ela ficou sem sair de casa por cerca de quatro dias. Chegou até mesmo a procurar outro lugar para morar. Além de trabalhar como funcionária pública, ela também canta em bares a noite, por medo, suspendeu o segundo trabalho.

“Agora me sinto reprimida. Toda vez que tenho que sair de casa fico pensando se é realmente necessário, porque, querendo ou não, o Uber é meu principal meio de transporte, então fico me questionando. Quando não dá para fugir, só consigo respirar aliviada quando entro no carro e o motorista começa a dirigir”, completa.

Quando voltou à casa da vítima, o motorista disse que ela tinha que tirar a denúncia alegando que estava “equivocada” ou com “um problema na cabeça”.

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