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'Minha esposa morreu após extrair sisos e ser tratada com dipirona' – UOL Confere

Uma mulher de 21 anos morreu no último dia 10, na região de Jataí (GO), dez dias após passar por uma extração dos dentes sisos. Eline Ester teve febre, dor e dormência no pós-operatório e chegou a passar por dois postos de atendimento nos dias seguintes à cirurgia, onde foi tratada com soro e dipirona, segundo a família.
Ela fez a cirurgia e ficou em repouso. O programador Pedro Lucas Santos, 22, companheiro de Eline Ester, conta que ela passou pela extração dos sisos no dia 29 de fevereiro. Após quatro dias de repouso em casa, retornou ao trabalho.
Os cuidados foram seguidos à risca. “Durante esse período, ela estava muito bem de saúde. Optou por tirar os sisos porque os dentes a atrapalhavam na hora de comer e sempre inflamavam. Depois da cirurgia, fez tudo o que o dentista recomendou. Tomou os medicamentos, ficou passando gelo na boca, só comia alimentos gelados. Estava realmente muito bem.”
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Os primeiros sintomas apareceram dias depois. Ela começou a apresentar sintomas preocupantes, como dormência nas mãos e nos pés, febre e dores intensas. “Inicialmente, suspeitamos de dengue ou chikungunya, já que a cidade vem enfrentando muitos casos das doenças.”
Mulher foi tratada com soro e dipirona. No dia 5 de março, passando mal, ela foi levada para o Hospital Estadual de Jataí Dr. Serafim de Carvalho (HEJ) com as mãos e pés inchados. Durante o atendimento, a jovem foi medicada com soro e dipirona e recebeu alta.
Ela estava com uma pressão na mão. Nem conseguia fechá-la. Disse que sentia que o sangue estava preso também nos pés. Mas, depois do atendimento, relatou estar bem e fomos para casa. Só que, no dia seguinte, ela voltou a passar mal.
Pedro Lucas Santos
Segunda passagem pelo posto. No dia 6 de março, Eline foi levada a uma Unidade de Pronto Atendimento de Jataí. A jovem, segundo Santos, já não conseguia mais andar, comer ou beber água. Novamente, os médicos receitaram dipirona, soro e recomendaram que ela voltasse para casa. Segundo Santos, nenhum teste de dengue foi realizado. “Apesar dos sintomas, ela só foi tratada nesse momento com dipirona e soro.”
Início do tratamento com antibióticos demorou. “No dia seguinte, ela piorou muito. Disse que sentia ferroadas pelo corpo todo e já estava com manchas pelo corpo, provavelmente já era a infecção dando sinais. Nesse dia, 7 de março, voltamos com Eli para a UPA e ela foi transferida novamente para o HEJ. Detalhe: só nesse dia a equipe fez exames e começou o tratamento com antibióticos”, diz Santos.
A jovem ainda passou 2 dias na enfermaria. Eline ficou internada na enfermaria do HEJ por dois dias. No dia 9 de março, foi diagnosticada com septicemia (manifestações graves em todo o corpo decorrentes de uma infecção) e transferida para a UTI. No dia 10 de março, teve falência múltipla de órgãos, parada cardiorrespiratória e morreu.
Sem tempo para diálise. “Um dia antes de ela morrer, o médico me disse que Eline estava com infecção generalizada e disfunções dos rins e fígado, além de estar com as plaquetas baixas. Ela iria começar uma diálise, mas infelizmente não deu tempo.”
Não consigo entender. A gente tirou fotos, coloquei um desenho para ela assistir, ela estava até sorrindo, conversando. Eu tinha muita certeza de que ela iria sobreviver, era muito jovem. Nunca imaginei que sairia do hospital sozinho.
Pedro Lucas Santos
O corpo de Eline foi encaminhado ao Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) para identificação da causa da morte. O laudo deve ficar pronto em até 30 dias.
Até agora estou sem acreditar. Em nenhum momento os sisos ficaram inchados, sangrando. Nem passou pela nossa cabeça ser isso. Mas o médico disse que a causa da morte deve ter sido por uma infecção devido à extração dos sisos. Ela era a única pessoa que eu tinha, éramos nós contra o mundo. Não tenho rancor de ninguém, mas quero saber de onde foi o erro. Do dentista, do hospital. Só sei que não foi da minha esposa, ela se cuidou muito.
Pedro Lucas Santos
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Eline e o companheiro tinham planos de oficializar a união neste ano, já que não eram casados no papel. Santos contou ao UOL que estava se organizando para fazer o tão sonhado pedido em um barco.
Ela era muito romântica. Eu já estava idealizando o pedido em um lago, nós dois no barco. Gostávamos muito de jogar videogame, ficávamos juntos o tempo inteiro. Tudo o que eu fazia, eu perguntava para ela. Era minha esposa, minha melhor amiga. Estou ainda muito confuso com tudo isso que aconteceu, parece que vou acordar desse pesadelo, mas não acordo.
O caso está sendo investigado pela 2ª Delegacia Distrital de Jataí. Em nota, a Polícia Civil de Goiás afirmou que aguarda a conclusão do laudo cadavérico da vítima para repassar mais informações sobre o caso.
O Hospital Estadual de Jataí Dr. Serafim de Carvalho informou que mesmo com o tratamento de amplo espectro e suporte de terapia intensiva, a paciente teve falência múltipla de órgãos, parada cardiorrespiratória e morreu no dia 10. “O HEJ lamenta profundamente o falecimento da paciente, se solidariza com a dor da família e coloca-se à disposição para qualquer esclarecimento.” A reportagem também procurou a prefeitura de Jataí e aguarda retorno.
A dentista Ilana Marques, da clínica IGM, explica que, após extrações, infecções graves não tratadas podem levar a complicações, mas os casos são raros. “Por exemplo, uma infecção grave na mandíbula ou na região ao redor do dente do siso pode se espalhar para outras partes do corpo, como a garganta ou a corrente sanguínea, resultando em condições sérias, como septicemia, abscessos cerebrais ou endocardite (infecção das válvulas do coração).”
Essas complicações são extremamente raras e geralmente ocorrem em casos de negligência ou falta de tratamento adequado.
Ilana Marques
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