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Após décadas de agressões e abandono, águas da Baía de Guanabara apresentam melhora

Vista da Baía de Guanabara – Foto Cleomir Tavares/Diário do Rio

Segunda maior baía do litoral brasileiro, com 412 quilômetros quadrados de espelho d’água, 42 ilhas, 53 praias e receptora do deságue de 55 rios, a bela e maltratada Baía de Guanabara está apresentando melhores condições de balneabilidade, segundo o blog Mar Sem Fim, do Estadão.

A boa notícia resulta de uma série de iniciativas, como a aprovação do marco regulatório do saneamento pelo Senado, em 2020; e a privatização dos serviços de tratamento e distribuição da água, que, no território fluminense, ficaram a cargo das Águas do Rio. A privatização, que gerou R$ 22,7 bilhões para os cofres públicos, obrigou as concessionárias a fornecerem água potável para 99% da população, além de coleta e tratamento de esgoto para 90% das residências.

Pesquisas anteriores à aprovação do marco regulatório afirmavam que a universalização dos serviços de saneamento básico seria algo impossível, dados os seus custos presumidos entre R$ 400 e R$ 600 bilhões, como destacou o Mar Sem Fim. No caso do Rio, a aplicação racional de recursos aliada a um esforço em educação ambiental tem feito a diferença para a saúde da Baía.

Na época, o silêncio da militância de esquerda – tradicionalmente contrária às privatizações -, encabeçada por ambientalistas e ONGs do setor, antes e depois da aprovação da medida, foi a tônica da situação. O fato, no entanto, é que depois de quase três anos da privatização, a qualidade da água da Baía de Guanabara tem apresentado melhora.

Por meio da atuação da Águas do Rio, a Baía deixou de receber 82 milhões de litros de água contaminada com esgoto, graças à maior eficiência e segurança do esgotamento sanitário da Região Metropolitana do Rio. A desobstrução do Interceptor Oceânico – túnel de 9 km responsável pela coleta de grande parte do esgoto da Zona Sul -, com o seu direcionamento para o Emissário Submarino de Ipanema, após 52 anos sem limpeza também foi um grande feito.

A revitalização do sistema de coleta e tratamento de esgoto existentes impactou a qualidade da água e da vida marinha local, inclusive em praias historicamente poluídas, como Flamengo, Botafogo, Urca e Ilha de Paquetá, que, em 2023, teve o serviço de esgoto universalizado para quatro mil moradores, por meio da ampliação da rede de coleta, reforma de quatro elevatórias e construção de uma nova.

De posse das licenças ambientais concedidas pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), a Águas do Rio implantará o sistema Coleta em Tempo Seco na capital e em outros sete cidades fluminenses, retirando diariamente das águas da Baía de Guanabara 400 milhões de litros de esgoto, o equivalente a 200 piscinas olímpicas. A medida beneficiará mais de 10 milhões de pessoas que residem nos 17 municípios da bacia hidrográfica da Baía.

Com aportes de R$ 2,7 bilhões, o sistema contará com aproximadamente 47 quilômetros de grandes coletores, além de estações de bombeamento e outras estruturas, compondo um “cinturão de proteção da baía”. Além disso, as cidades do Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Nilópolis, Belford Roxo, Mesquita, São Gonçalo e Itaboraí ganharão mais de 120 pontos de captação em tempo seco, o que permitirá, em muitos anos, que as águas da Baía de Guanabara fiquem mais limpas.

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